sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Queridos Amigos,


Tecendo o saber
 
Uma aranha tecendo a sua teia, o tecelão trançando os fios no tear, a feitura do crochê, do tricô, do bordado. Todas essas práticas nos remetem à delicadeza, paciência, dedicação na realização de uma tarefa que, ao final, culmina com a admiração, a sensação de dever cumprido e, em muitos casos, com o encher as vistas, o coração e, por fim, a alegria de saber que contribuiu para que a beleza ou algo útil fosse criado.

Será diferente a nossa tarefa? No escolher uma forma de atuação, basear nessa atuação a distribuição dos conteúdos e, por fim, a melhor parte: Dividir com os alunos as propostas existentes. Não, nossa tarefa não é muito diferente das citadas acima. Com delicadeza, dedicação, paciência, ajudamos a tecer os fios do saber, do conhecimento, e essa é uma tarefa por demais envolvente, instigante e, às vezes, árdua. Ela também pressupõe parceria, a parceria dos alunos, que nem sempre se faz presente.

Não lamentemos, sigamos, dediquemo-nos. Não esperemos que os frutos sejam colhidos a curto e médio prazo. Talvez só nos caiba espalhar essas sementes do saber. Mais adiante, quando talvez nem esperemos mais, é bem provável que contemplemos o tal fruto. Que fruto? A contemplação da transformação do outro, daquele aluno que cresceu, floresceu, está também espalhando sementes. Só isso já vale o trabalho de toda uma vida.

Sigamos adiante colegas. Façamos a nossa parte na construção de uma nova realidade, que só será possível mediante o nascimento e transformação das pessoas. E nesse processo, nós professores somos... indispensáveis.

Se trabalharmos com uma grande vontade de que tudo dê certo, boa parte do caminho terá sido trilhada. Não esmoreçamos.


Um grande abraço,
Neuza Maria Penhalves Graziani. 

COMO ANDA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA?

Muitas são as críticas de pais sobre a Educação Brasileira. Acham o ensino atual fraco, reclamam que as crianças não aprendem nada, que no tempo deles é que a Educação era boa. Esquecem-se que o mundo é dinâmico e globalizado; está em contínua mudança e descobertas, nada é eterno, mas em constante transformação e que o pensamento educacional, a ideologia, a metodologia, - isso tudo tem que atender à necessidade do mercado. Portanto os pais deveriam se inteirar mais sobre o processo educacional, conhecer a Proposta Pedagógica que rege a Escola que o filho(a) frequenta, conhecer a metodologia usada pelos professores, a formação e o conhecimento dos docentes e principalmente se o material pedagógico utilizado ajudará na construção dos saberes de seus filhos(as).

Cabe ao professor (a), fazer a análise criteriosa do livro a ser adotado, visto que atualmente, a pluralidade de métodos e procedimentos repletos de adversidades, confunde o docente que necessita estar sempre se atualizando e se familiarizando com os livros, para ter segurança necessária, ao explorá-los; descartando o que for desnecessário para o momento. O grande problema nas escolas da rede pública de ensino, é que nem sempre os professores se reúnem para escolher os livros, embora as editoras os enviem com antecedência. São vários os motivos alegados: não tomaram conhecimento; não foram convidados; não tiveram tempo e por aí vai... Sem uma análise prévia do livro a ser usado, não é possível em nenhum momento, selecionar conteúdos, planejar adequadamente, aplicar a priori, o que for mais interessante para a realidade emergente do alunado, do seu contexto social e histórico, seu conhecimento prévio etc... Essa atitude poderá nortear o trabalho educativo, proporcionar melhores condições de aprendizagem e consequentemente melhor qualidade do processo educacional como um todo.

É necessário que os pais conheçam o livro didático usado na escola de seu filho(a) e se o mesmo foi escolhido pelos professores que vão atuar no ensino-aprendizagem deles. Se o livro está de acordo com a realidade, vivência, com o conhecimento e capacidade de entendimento de seus filhos.

Diagnósticos realizados a respeito da ineficiência do ensino fundamental têm desconsiderado o fato de que entre os personagens – professor/aluno encontra-se um instrumento essencial: o livro didático que deixa de ser apenas um dos recursos didáticos, para ser praticamente o único instrumento de (in)formação disponível tanto para o aluno quanto para o professor.

É preciso ficar claro aos pais que o livro didático por si só não faz milagres e que se assim fosse os seus filhos não precisariam frequentar a escola, bastaria ter o livro e/ ou uma apostila nas mãos para que a aprendizagem acontecesse. O importante mesmo é investir no professor através de cursos de capacitação para que ele possa desenvolver um trabalho de ensino-aprendizagem coerente com as necessidades dos alunos e da realidade atual.

Naturalmente, como agentes do processo ensino-aprendizagem, professor e aluno constituem peças fundamentais para o sucesso da escolarização. Um professor mal formado e/ou mal remunerado não estará apto nem motivado para desenvolver práticas pedagógicas produtivas. Por outro lado, nenhum professor, assim como nenhuma prática pedagógica serão capazes de suprir as carências de uma população socialmente excluída e, consequentemente, desestimulada para a aprendizagem.

Cabe então, em todos os casos, selecionar, analisar e construir o aparato pedagógico, pois, para ser um bom professor, a didática deve estar sempre aliada aos conhecimentos específicos.

Reflitam sobre isso.

NEUZA MARIA PENHALVES GRAZIANI.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009


Queridos amigos,

Estamos findando mais um ano e juntamente com ele deixo minha mensagem a todos.
O conhecimento é um norte que ajuda a encontrar e percorrer a estrada da vida. Um caminho para se chegar à sabedoria.
O conhecimento é um dom e um ofício. Dom, porque o recebemos de Deus. Oficio porque é preciso que saibamos todos os dias alimentá-lo de nosso esforço e determinação.
O conhecimento é um triunfo para que saibamos amar a todas as pessoas, sem que nos importemos que elas sejam absolutamente diferentes de nós. Se há ódio por outro povo, se há intolerância por outra cultura,basta que saibamos como são, como vivem e o nosso horizonte se amplia.
O conhecimento é amigo. Amigo permanente, que nos toma livres da dependência constante de interpretes. Nós sabemos, e isso nos dá segurança para acreditar nas nossas crenças e para sonhar os nossos sonhos.
O conhecimento é humilde. Quanto mais se conhece, mais se percebe o quanta falta para alcançar seu cume. Lugar que talvez nunca seja atingido, embora isso não nos dispense da subida. O cume nos aguarda como a flor aguarda o beija-flor, e como a noite aguarda a aurora. Viver com as amarras da superstição, dos medos todos que enfeitiçam nossa alma, é desrespeitar a nossa própria inteligência. E a liberdade é uma vocação natural daqueles que não querem viver a consultar coisas que não tem sentido e que nos diminuem.
Às vezes, por preguiça ou desconhecimento, navegamos em outros mares e experimentamos a infelicidade. Mas sempre é tempo para nos aprimorarmos.
Abençoa, Senhor, todos nós filhos teus que precisam conhecer mais e melhor. Retira de nos o medo do novo.
Retira de nós a arrogância de quem acha que nada mais é preciso aprender e de quem se sente dono da verdade.
São esses paradigmas como travas que nos impedem de evoluir. E nós nascemos para a evolução.
Que o conhecimento nos aproxime de Deus e assim tenhamos mais fé e que esta fé seja alimentada todos os dias de 2010.

 Feliz Natal !


terça-feira, 24 de março de 2009

ESCOLA DA PONTE

A Escola da Ponte, em Vila das Aves, (concelho de Santo Tirso) em Portugal é a escola dos sonhos dos professores comprometidos com a Educação.
O que mais fortemente começou por me impressionar na Escola da Ponte foi a doce e fraternal serenidade dos olhares, dos gestos e das palavras de todos, crianças e adultos. Ali, ninguém tem necessidade de engrossar ou elevar a voz e de se pôr em bicos de pés para se fazer ouvir ou reconhecer pelos demais, porque todos sabem que a sua voz conta e é para ser ouvida. Como as crianças não são educadas para a competição, mas para a entreajuda (e o exemplo vem dos adultos), as pulsões de inveja, ciúme ou rivalidade, e toda a agressividade comportamental que lhes anda associada, estão quase ausentes dos gestos cotidianos dos membros dessa comunidade educativa. Por isso é que na Escola da Ponte não faz sentido falar de problemas de indisciplina, porque todos apoiam todos, todos acarinham todos, todos ajudam todos, todos são afetivamente, cúmplices de todos, todos são, solidariamente, responsáveis por todos. E, não menos significativo, todos sabem o nome de todos, ou seja, todos procuram reconhecer e respeitar a identidade de todos.
A serenidade que espreita nos olhares, nos gestos e nas palavras das crianças não é mais do que o resultado esperado e inevitável do “segredo” da intervenção pedagógica dos profissionais de educação da Ponte. Um segredo feito, simplesmente, de duas palavras e das correspondentes atitudes “meiguice” e paciência”. Parece romântico e fora de moda num tempo em que nas escolas e na sociedade tantas vozes supostamente preocupadas com a agressividade e a indisciplina dos alunos se erguem a reclamar rigorosamente o contrário. Pode parecer romântico e fora de moda, mas a verdade é que a “meiguice” e a “paciência”, na Escola da Ponte, acontecem de uma forma absolutamente espantosa.
Poderão os cínicos de serviço dizer que uma escola de crianças tranqüilas e felizes não é, necessariamente, uma escola eficaz, pois numa sociedade utilitarista que lida mal com as aspirações de felicidade das pessoas, uma escola de crianças felizes é uma escola em conflito e em ruptura com a sociedade que acredita que é preciso ser ditador para ensinar.
Mas a Escola da Ponte não é apenas um ambiente amigável e solidário da aprendizagem. Mais do que uma escola, ela é verdadeiramente, uma comunidade educativa profundamente democrática e auto-regulada. Democrática, no sentido de que todos os seus membros concorrem genuinamente para a formação de uma vontade e de um saber coletivo. Auto-regulada, no sentido de que as normas e as regras que orientam as relações societárias não são impostas ou importadas do exterior, mas as normas e regras próprias que decorrem da necessidade sentida por todos de agir e interagir de uma certa maneira, de acordo com uma idéia coletivamente apropriada e partilhada do que se deve ser o viver e o conviver numa escola que se pretenda constituir como um ambiente amigável e solidário de aprendizagem.
A Escola da Ponte é um exemplo de educação para a cidadania. O civismo não se ensina e não se aprende, ele “entranha-se” pois é da prática que resultam a aprendizagem e a consciência da cidadania.
Tudo o que acontece na Escola da Ponte é, antes de mais nada, “educação na cidadania”: quando as crianças pesquisam, investigam e aprendem em grupo e as “mais dotadas” se responsabilizam pelo acompanhamento e o apoio à aprendizagem das “menos dotadas” e as menos dotadas não sentem constrangimento em pedir ajuda, quando as crianças tem direito a voz nas assembléias e partilham coletivamente suas angústias, seus sonhos, suas dúvidas, suas opiniões, as suas propostas e o fazem sabendo que vão ser escutadas e respeitadas pelos demais... Quando tudo isso e tudo o mais acontece num ambiente amigável e solidário de aprendizagem, a educação na cidadania é o próprio respirar e sentir da comunidade. Aprendi com a Escola que educar na cidadania não é o mesmo que educar para a cidadania.
Acostumada a pensar em escola modelo com um prédio suntuoso, lotada de recursos e programas extravagantes, na Ponte, tudo ou quase tudo parece obedecer outra lógica. Não há aulas. Não há turmas. Não há fichas ou testes elaborados pelos professores para a avaliação dos alunos. Não há toques de campainha, o prédio é de uma simplicidade tão grande que muitos visitantes esperando encontrar uma obra de arte talvez se decepcionem. Mas a filosofia subjacente ao projeto pedagógico daquela comunidade é extraordinariamente simples e belo. Naquela escola o currículo não é o professor, mas o aluno. A educação naquela escola, mais do que um caminho, é um percurso e um percurso feito à medida de cada educando e solidariamente, partilhado por todos. O resto são estratégias, são instrumentos, são meios, intervenções e rotinas processuais.
Não conheço escola que seja fraternalmente tão aberta, tão transparente, tão acolhedora quanto a Ponte. E mais extraordinária ainda, por regra, são as crianças que recebem, acompanham e orientam os visitantes e que procuram dar a primeira resposta ás suas dúvidas. Por tudo isso tomo a liberdade de fazer uso das palavras de Rubem Alves, pois não poderia ser diferente conheci "A ESCOLA COM QUE SEMPRE SONHEI SEM IMAGINAR QUE PUDESSE EXISTIR"

Se quiserem se aprofundar no assunto leiam este livro.

Escola da Ponte - um único espaço partilhado por todos, sem separação por turmas, sem campainhas anunciando o fim de uma disciplina e o início de outra. A lição social; todos partilhamos de um mesmo mundo. Pequenos e grandes são companheiros numa mesma aventura. Todos se ajudam. Não há competição. Há cooperação. Ao ritmo da vida; os saberes da vida não seguem programas. São as crianças que estabelecem os mecanismos para lidar com aqueles que se recusam a obedecer às regras. Pois o espaço da escola tem de ser como o espaço do jogo; para ser divertido e fazer sentido, tem de ter regras. A vida social depende de que cada um abra mão da sua vontade, naquilo em que ela se choca com a vontade coletiva. E assim vão as crianças aprendendo as regras da convivência democrática, sem que elas constem de um programa...

Neuza Maria Penhalves Graziani.